Os historiadores Fernando Wanner, do Corinthians, e Fernando Galuppo, do Palmeiras, realizaram um bate-papo para esclarecer dúvidas dos torcedores no projeto Jornalismo em Movimento – Combate às Fake News, no Largo da Batata, em São Paulo, no dia 8 de dezembro.
Galuppo e Wanner alertaram para a frequência de fake news no futebol. “Essa época, ao fim dos campeonatos e início de uma nova temporada, é o maior ambiente de fake news e de factoides imagináveis, porque há diversos interesses conspirando, como de empresários, dirigentes, atletas e de patrocínio”, disse Galuppo. E Wanner acrescentou: “Com um clique as pessoas podem transformar uma fake news em uma ferramenta de destruição de massas”.
Entre os principais questionamentos, os historiadores explicaram o campeonato Mundial de 1951 e de 2000.
“O Mundial de 1951 era um sonho da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) – atual CBF (Confederação Brasileira de Futebol) – e da FIFA (Federação Internacional de Futebol), mas isso nunca havia saído do papel devido ao alto investimento e as dificuldades de logística. Com o sucesso da Copa do Mundo de 1950, os agentes que realizaram e participaram de todo o torneio viram a oportunidade de, no ano seguinte, construírem um campeonato entre os principais clubes”, contou Fernando Galuppo.
“Se definiu, nos anos 50, um regulamento e critérios para a participação das equipes. Teríamos duas sedes no Brasil, que eram São Paulo e Rio de Janeiro. O modelo foi praticamente replicado na edição de 2000, só com o adendo das semifinais, que em 1951 foram realizadas em dois jogos, e em 2000 foi apenas um jogo. Foi definido também que os representantes brasileiros seriam os campeões das duas cidades sedes. O Vasco foi o campeão do Rio e o Palmeiras foi o campeão Paulista. A competição era o Torneio Internacional de Clubes Campeões. O nome da taça é Copa Rio porque foi uma doação da municipalidade carioca, como tantas outras doações que aconteceram. Foi um desfecho mágico para os palmeirenses mas, acima de tudo, para o povo brasileiro”, explicou o palmeirense.
Já em relação ao time Alvinegro, Fernando Wanner relatou: “O Mundial de 2000 foi o primeiro totalmente organizado pela FIFA. A Copa Intercontinental era organizada pela CONMEBOL (Confederação Sul-Americana de Futebol) e a UEFA (União das Federações Europeias de Futebol). A FIFA usou a ideia do campeonato Mundial de 1951 e colocou em prática, nos mesmos moldes, em 2000. Participaram os seis campeões continentais, o campeão do país sede e o último campeão da Copa Intercontinental. São Paulo e Rio de Janeiro foram as sedes. O Palmeiras cedeu a vaga para o Vasco, que foi o representante da CONMEBOL naquela edição, até para haver uma equipe da outra cidade sede do evento”.
Fernando destacou ainda que já existiram outras finais de Mundial de Clubes da FIFA com equipes que não ganharam os títulos continentais, como é o caso do Raja Casablanca, time que disputou a final da competição em 2013, contra o Bayern de Munique.
Além disso, Wanner desmentiu rumores sobre o tabu de 11 anos contra o Santos e o jejum de 22 anos e oito meses sem conquistas corintianas.
“O Corinthians ganhou inúmeros títulos não-oficiais, como o Torneiro Rio-São Paulo de 1966. Esses 22 anos e oito meses tiveram um peso no caso de notícias falsas, tal como o tabu contra o Santos. Tem gente que fala que o time ficou 11 anos sem ganhar do Santos, mas isso é mentira. Ganhamos quatro vezes no Torneio Rio-São Paulo. Até os próprios corintianos eram manipulados pelas mentiras. Cabe a nós, historiadores, pontuar e elucidar o torcedor”, esclareceu.
Hellen Bizerra, do site “Boatos.org“, salienta que as fake news se espalham no futebol por ser uma paixão dos brasileiros. De acordo com a jornalista, o tema é uma armadilha fácil para atrair pessoas.
Ela dá algumas dicas para identificar as fake news. “Notícia falsa, geralmente, pede muito compartilhamento nas redes sociais e, como são postagens escritas às pressas, há erros de ortografia e de sentença. Elas também não costumam mencionar qual é a fonte. Para ter certeza se uma matéria é verdadeira, vale verificar se a imprensa tradicional publicou algo relacionado ao assunto”, afirmou Hellen.
Leandro Siqueira, curador do projeto Jornalismo em Movimento – Combate às Fake News, explica que a ação visa facilitar o acesso à informação e levar o público a refletir sobre a forma como recebe, absorve e compartilha uma notícia.
Serviço:
Jornalismo em Movimento – Combate às Fake News
Local: Largo da Batata – São Paulo
Data: até 15 de dezembro de 2018
Horário de funcionamento: segunda a sábado, das 10h às 19h
A entrada é gratuita.